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Se a qualidade de uma democracia se pudesse medir pelo seu peso, Portugal seria campeão mundial de pesos-pluma - país sem rival. Um país sem segredos é um país sem peso (económico, político, civilizacional...); é uma folha caída è mercê de todas as tempestades. É, numa palavra, vulnerável; e, por isso, de muito pouca confiança. Como uma menina de mini-saia, carece de mistério, de interesse - por muito atraente que aparente ser. Mais, para além de não transmitir seriedade, é ridículo.
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Portugal é um país ridículo.
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É a única conclusão que podemos extrair do que se passou esta semana: o excelentíssimo Procurador Geral da República diz não ter solução para o problema do segredo de justiça; e di-lo perante as câmaras de televisão, com uma leveza extraordinária - quase com um sorriso nos lábios. Disse-o como se fosse um facto consumado. E por isso, sem surpresa, foi divulgado na internet o Despacho que reabre o processo Apito Dourado. Mais um acto da lusa comédia.
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Um país que não é capaz de manter sustentadamente o segredo de justiça é um país insustentavelmente leve.
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Nota: acredito na sinceridade de Pinto Monteiro e nas suas boas intenções, mas, lamentavelmente, das suas palavras só podemos tirar duas ilacções:
- não é ou não se sente capaz de resolver o problema do segredo de justiça, e como tal devia dar o lugar a outro;
- acreditando ele próprio no que disse, não o devia ter verbalizado em público, pois pareceu legitimar a existência do problema.
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