domingo, 14 de janeiro de 2007

Flags of Our Fathers, de Clint Eastwood

Palavra Esparsa
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Erguer da Bandeira em Iwo Jima


Ontem à noite tivemos a oportunidade de nos juntarmos a um grupo de amigas para assistir a uma sessão de cinema no Braga Parque. Por sugestão do grupo, vimos As Bandeiras dos Nossos Pais, de Clint Eastwood.
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Ao chegar ao átrio das salas de cinema, procurei o painel do filme: uma foto de dois soldados em contraluz, à entrada de um bunker. O título em Inglês chamou-me a atenção de imediato (não o conhecia): Flags Of Our Fathers. Por duas razões em particular: a ausência do artigo definido The, antes do substantivo Flags - de todo plausível; e, mais estranha, a opção pela construção of, em detrimento do genitivo (Our fathers' Flags, que seria mais expectável). Para quem não domine a nomenclatura linguística (o que é que este tipo está para aqui a dizer!) ou tenha conhecimentos mínimos da língua inglesa, não farão muito sentido estas observações. Mas podem crer que a tradução do título em português não faz jus ao original (da obra de James Bradley e Ron Powers, com o mesmo nome, de que foi adaptado o filme). Todavia, devo dizer que me parece ser difícil fazer melhor. É um dos tais casos em que os significados não são reproduzíveis em síntese - daí a singular riqueza das línguas. Em suma: o título original enfatiza o conceito os nossos pais e relativiza o conceito bandeiras - e inclusivé o seu carácter atributivo. O título em português parece reforçar este carácter atributivo (as bandeiras são dos nossos pais) e enfatiza o conceito as bandeiras, sobretudo pelo uso do artigo definido. E o mais importante é que esta diferença é da maior relevância quando visualizamos o filme.

E o filme?, perguntam-me vocês.
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Será suficiente dizer que o enredo tem como leit motiv a famosa (e controversa) fotografia tirada na Batalha de Iwo Jima, durante a Segunda Guerra Mundial, que introduz este post. E que uma fotografia em si pode contar uma história; mas que o mais extraordinário deste filme (e do livro, obviamente) é a história que se pode contar à volta de uma fotografia. E que talvez pudéssemos descrever o filme como um ensaio sobre o poder da imagem; ou sobre a hipocrisia do poder político; ou os traumas de guerra; o conceito de herói; a amizade...
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Vejam o filme! Clint Eastwood e o Óscar para Melhor Filme parecem andar de mãos dadas.
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