terça-feira, 12 de maio de 2009

O Pântano, Serra da Peneda

Andarilho
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Um sábado inesquecível pela Serra da Peneda, em companhia de bons amigos. Um trilho pedestre acessível a todos, mas percorrido por poucos. E cá para nós - estes poucos que valorizam e procuram desfrutar das dádivas da Natureza -, ainda bem!
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O trilho começa num cotovelo da estrada junto à branda da Bouça dos Homens, numa pequena ponte sobre o rio Pomba. Um pouco de coragem e arriba!, até à cota dos 1215 metros, nas Faldas da Penameda. Seguimos o passo certo do Sr. Adelino e a correria do pequeno Pedro, a querer mostrar-se o grande homem que já é, por um carreteiro antigo de pedra e muitas memórias de pastores e romeiros, quando os transportes ainda não facilitavam a vida das gentes locais. Do alto, começa a avistar-se, ao longe, o Pântano, uma pequena represa assim chamada pelos locais. Já se torna mais fácil controlar a respiração e o apetite começa a apertar.
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O Pântano revela-se um pequeno lago acolhedor, pontilhado por pequenas flores aquáticas. O cantar das rãs domina o silêncio da serra. Um casal alemão desfruta da beleza circundante, recostado a uma rocha sobre a água. Vislumbramos uma garça na outra margem, rainha absoluta do espelho aquático. Vamos disparando as máquinas fotográficas entre poucas palavras, todas de espanto, até que os cheiros do farnel nos arrastam o paladar até uma rocha cortada como mesa por sortilégios da natureza. Os bolinhos de bacalhau, os panadinhos, o tinto e demais acepipes... Um piquenique como manda a lei e o bom gosto.
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A descida em direcção ao Santuário da Peneda faz-se por um carreteiro em ziguezague quase vertical, sob a sombra de árvores abençoadas debaixo do sol forte do início de tarde. Descemos com a certeza de termos escolhido o percurso correcto: os dois bofes-de-fora que se cruzam connosco a meio da descida, em sentido contrário, são a sua prova insofismável.
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Para quem se decida a tomar estas palavras de caminheiro e aqui se desloque em grupo, aconselha-se a que o façam em dois veículos, tomando os mais aptos o percurso vertical do Santuário da Peneda em direcção à branda da Bouça dos Homens e os mais nutridos ou relaxados o inverso. A meio, perante aquele lago belíssimo, troquem as chaves das viaturas. Ou - se a coragem for mais forte que o cansaço -, como fazem muitos dos que aqui vêm e acreditam no saber local, arremessando uma pedra até ao topo do imenso rochedo que desponta do meio do Pântano, atirem-nas para ali! Se lá se quedarem, sem que resvalem para a água, os solteiros têm boda certa. Os casados, pernoitem ali sob as estrelas e adormeçam com o cantar das rãs. Não precisarão de muito mais para serem felizes.
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