quinta-feira, 29 de abril de 2010

Restinga do Rio Cávado, Esposende

Andarilho
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Percorremos este circuito pedestre em Agosto do ano passado, numa manhã acabrunhada. Com o aproximar de fins de semana auspiciosos, prometemo-nos repetir o passeio, em busca de cores menos sombrias e brisas mais aconchegantes.
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A Restinga do Rio Cávado, no Parque Natural do Litoral Norte, a um olhar de Esposende, no prolongamento de Ofir, consiste de um cordão de praia arenosa e de dunas primárias e secundárias muito instáveis. Esta língua de areia entre o Atlântico e o rio Cávado merece o carinho de todos os amantes da natureza e da boa vida.
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Partimos de Ofir, junto às 3 torres que afamam o local, sob a sombra de um pinhal alto. As primeiras centenas de metros percorrem o caminho calcetado que serve as casas de verão de gentes endinheiradas. Não sabemos se invejá-los ou se lamentar o futuro que ameaça estas dunas belíssimas, que protegem os seus haveres sazonais. O bom do passeio começa onde a construção acaba, fruto do medo ou por força da lei: os passadiços em madeira conduzem-nos por uma paisagem deslumbrante, dominada pela água, ora à direita, com Esposende em fundo, ora à esquerda, onde o Atlântico se espraia. Do miradouro vislumbramos a foz do Cávado e a razão de ser da beleza deste local: a natureza a fazer-se e refazer-se pela força dos seus elementos; a energia infinita que anima o nosso planeta.
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Descemos à praia, por entre uma diversidade vegetal espantosa. Sentámo-nos a escutar os segredos do mar, a ouvir os seus queixumes. De um lado, dois quilómetros de praia deserta até à foz do Cávado. Do outro, dois quilómetros de praia deserta até Ofir. Apenas beleza, pontilhada por um ou outro detrito da humanidade. Nada que nos faça deixar de acreditar no poder absoluto da mãe natureza. E a ter alguma esperança. Mas talvez a questionar o nosso direito de estar ali.
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