sexta-feira, 23 de março de 2007

Estudar em Vannes, Bretanha

Andarilho
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A Bretanha assombra o meu imaginário desde a minha adolescência. Mais cedo ou mais tarde, teria que lá dar um saltinho. Talvez fosse a origem celta do povo bretão que tenha ajudado a construir este sentimento de comunhão que me acompanha há pelo menos duas décadas e meia; e que já me levou à Escócia, à Irlanda e ao País de Gales; e que em última instância me trouxe para o Alto Minho. Por outro lado, talvez seja, afinal, apenas um impulso carnal: o apelo ao vislumbre de um par de olhos azuis provocadores, assertivos, numa tez corada. Talvez.
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O facto é que só há três meses atrás realizei esse desejo. Em finais do outono, pelo que os postais que aqui vêem estão muito para além da atmosfera húmida e sombria com que me recebeu a cidade de Vannes. O que, aliás, seria de esperar. Mas das pessoas não tive surpresas: de uma afabilidade extrema, orgulhosas das suas raízes, apaixonadas pelo mar. Simples, como eu gosto.
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A oportunidade de aqui vir surgiu por mero acaso: uma colega de escola candidatou-se a uma Visita Preparatória para delinear e desenvolver um projecto escolar (Programa Comenius) no âmbito do ensino das línguas estrangeiras e do uso das novas tecnologias. Por motivos inesperados, acabou por não poder ir e convidou-me para a substituir. Ora nem mais: ala que se faz tarde!
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Foi uma experiência inesquecível! Pela qual todos os agentes da educação deveriam passar: ter a oportunidade de contactar com outras realidades e práticas educativas; comparar, relativizar, valorizar o que temos de bom e questionar o que está mal.
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Em resumo (numa comparação necessariamente limitada, pois há multiplas realidades em ambos os países), o que temos de bom: uma relação profissional muito mais informal, próxima, menos protocolar; maior liberdade na implementação do nosso trabalho. Só. E o café da manhã.
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O que está menos bem: inexistência de uma cultura escolar de esforço e de mérito; não valorização de áreas vocacionais ou de interesse dos jovens; pouca responsabilização e fraca promoção da autonomia dos alunos; pouca articulação do trabalho entre professores das mesmas áreas curriculares...Ahhh! Quase me esquecia: para um docente com 12-15 anos de serviço, uma diferença salarial mensal que pode chegar aos 700-800 euros. A menos, claro. Só!
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De Vannes, retive a beleza das casas históricas em madeira, a imponência dos tanques públicos junto às muralhas do castelo, o travo da cidra na Crêperie Dan Ewen, a promessa das águas do Golfe de Morbihan, a amabilidade das pessoas... E, claro, mais importante ainda, os momentos fantásticos que passei com a Anne, a Esther e a Annick (na foto, com o je e o Mr Thomas, o Director do Collège St François Xavier) e que, seja o projecto aprovado, terei a felicidade de encontrar novamente:
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Acaso passem por esta bela cidade bretã e disponham de um orçamento modesto, devem colocar como hipótese a estada no Hôtel Le Bretagne, gerido por um casal jovem e extremamente simpático. Decoração e mobiliário antiquado, mas acolhedor.
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3 comentários:

Pedro Correia disse...

Tomei nota das sugestões. Excelentes. Abraço.

MANHENTE disse...

Obrigado pela visita, Pedro. E se passares por terras bretãs, que delas desfrutes ao máximo.

António Rebordão disse...

Olá Rui,

Também eu sou (ou fui) professor (Matemática), pelo menos até há dois anos e durante 2 anos. Agora transformei-me novamente em estudante e ando a tentar aproveitar as oportunidades que a vida vai proporcionando. Tenho estado também a tentar dirigir a minha carreira noutra direcção e vamos ver o que o karma (e a dinâmica pessoal) nos trazem.

Entretanto, gostei do apanhado de pensamentos que li no teu blogue. Irei estar atento.

Abraços e que a saga continue