domingo, 11 de março de 2007

Javali no Restaurante Polo Norte

Histórias do Açúcar
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Este relato também poderia surgir-vos na rubrica Aqui Bem Se Come! Mas como com muitas outras coisas da vida, há que fazer opções. Pode acontecer que, sendo uma história com açúcar, vos pareça mais docinha.
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O restaurante Polo Norte tem as portas abertas aos amantes da boa mesa na vila de Britiande, concelho de Lamego (N 226, direcção Tarouca). Estive aqui na primeira de duas vezes, creio, em 1995, num jantar anual de amigos. Amigos lamecenses de adolescência que, por acaso ou não, se hospedaram por períodos de tempo variáveis na famigerada casa da D. Júlia, cita na Rua da Torrinha, no Porto, para frequentarem os respectivos cursos universitários (estive lá apenas dois ou três meses, mas o suficiente para poder pertencer ao clube). Estando todos a finalizar os seus cursos ou já os tendo terminado, decidimos realizar um jantar convívio anual para recordar as nossas aventuras e desventuras. Realizou-se durante três anos, até que as girandanças (o dicionário diz-me que a palavra não existe, mas gosto dela) de cada um tornaram difícil este momento de convívio.
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Fomos pelo javali, pois claro. Uma das especialidades da casa. Para dizer a verdade, não me recordo como estava. Mas só podia estar divinal, tão bem regado foi - disso sim, recordo-me. Desse jantar guardo ainda hoje este pacote de açúcar:
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Para os leigos neste maravilhoso mundo dos pacotes de açúcar, este poderá parecer um exemplar normalíssimo, pouco apelativo até. Acontece que, em Portugal, ao contrário do que sucede na vizinha Espanha (onde, por coincidência, este pacote foi embalado), é pouco comum existirem pacotes de açúcar "personalizados" (isto é: com o nome do respectivo estabelecimento, negócio...). E da década de 90 haverá mesmo muito poucos.
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Na altura, apenas "juntava" pacotes, que ia guardando numa caixa de sapatos. Caixa esta que, quinze ou dezasseis anos depois de ter começado a acolher pacotinhos de açúcar cheios, e após um abandono de quase uma década, regressou às minhas mãos há dois anos atrás vinda de casa da minha mãe. Momento em que decidi passar de ajuntador esporádico a coleccionador feroz.
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Ora, foi precisamente este pacote de açúcar que me fez voltar ao Polo Norte com a minha mãe e esposa na primavera do ano passado. Queria obter alguns para troca, caso ainda o tivessem.
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Excelente desculpa para me atirar de novo ao javali! Como resultado, este dado consabido: o palato também tem memória. O estufado só podia ter sido abençoado; ou o javardo; ou as plantas e outras criaturas de que se alimentou. Ou, mais provável, tudo isto e a fominha que trazíamos.
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Pacotes é que nem vê-los, infelizmente. Acabaram-se por volta de 1997. O cafezinho do Polo Norte é agora adoçado por saquetas correntes de marca Delta. Mas não me posso queixar. Tenho-o na minha colecção. E é um pacote muito difícil. Mas não menos importante, fiquei a saber que o Polo Norte ainda abre as portas aos apreciadores da boa mesa e, assassinos abençoados, ao saboroso porco-bravo:
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