domingo, 21 de agosto de 2011

Périplo 2011, Eslovénia - Dia 1: uma descoberta

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Destino: Eslovénia (Bled, em particular). Outras duas paragens almejadas: Èze e Veneza. E o que a vontade e o sortilégio determinassem. Num máximo de 17 dias.
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Arrancámos às 11 da manhã, dezoito horas depois do previsto (queríamos avançar umas centenas de quilómetros no dia anterior). Sem stress. Café no termo, umas minis geladinhas na arca e algumas sandocas preparadas para os apetites verpertinos. Revelou-se a hora ideal para realizar um desvio adiado vezes sem conta, por altura dos primeiros queixumes estomacais: ao Lago de Sanabria. Uma descoberta! A confirmação de uma suspeita: um pequeno paraíso a revisitar em piqueniques familiares ou num fim de semana de campismo.
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As gentes que se avistavam em redor de mesas de pedra espalhadas pelo carvalhal à beira praia pareciam locais, sinal de que o turismo de massas não passa por aqui. Melhor ainda! Umas vozes em galego diziam que a partir de 20 de Agosto acabava-se a época balnear. O fresquinho agradável que se fazia sentir justificava-o: a altitude do lago e as montanhas em redor convidavam o outono antecipadamente.
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Retomámos a estrada, bem vigiada por brigadas de trânsito (já contabilizáramos 5 em 3-4 horas!). A Li começava a consultar os parques de campismo nas proximidades de Burgos. Conhecíamos o Cavia, mas procurávamos um mais afastado das grandes vias. Terminámos o primeiro dia de viagem no camping Camino de Santiago, na discreta Castrojeriz. Sossegadíssimo e acolhedor. Montámos a nova Quechua debaixo de choupos e cedros e sobre um relvado mole, numa parcela delimitada. Um excelente camping para pernoitas de um dia, com um castelo por sentinela.
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Ganhámos o dia ao constatar a tomada de electricidade: a malfadada fêmea de três pinos tão comum em França e para a qual ainda não encontráramos noivo em dezenas de lojas e supermercados da Iberia e de França! Não esperávamos encontrá-la em Espanha! Os campings geralmente têm os machos (com saída fêmea de dois pinos) para empréstimo sob caução, pelo que dirigi-me à recepção para salvar o jantarinho. Acabei por trazer o dito por 15 euritos - mas meu! Após indagar se não mo vendiam, pois não o conseguia encontrar em lado nenhum e tal, disseram-me que se podia comprar em ferreterías, que teriam de telefonar para saber o preço, mas que rondaria os 15 euros. Insisti e o arrozinho de sardinhas com pimentos ficou pronto em meia hora, preparado com mais entusiasmo e uma dor de cabeça a menos.
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Ao jantar, em conversas regadas por um verde da Adega de Ponte de Lima, a nota do dia: quem visita Portugal por estrada, passando pelas aldeias e vilas insalubres e descoloridas de Castela e Leão, só pode achar que somos um país rico e com muito bom gosto na construção e planeamento urbanos.
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À nossa!
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Conta-quilómetros: 521
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