segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Périplo 2011, Eslovénia - Dia 6: duas surpresas

Partimos de La Sine em direcção a Veneza. Prometia ser uma jornada longa, mas a expectativa de visitar a cidade flutuante era mais forte do que qualquer cansaço antecipado. Aliás, Veneza já esteve no roteiro de um périplo que realizámos até à Austria em 2004, para o trajecto de regresso, mas, à última hora, virámos a norte e fomos refrescar-nos com umas cervejas extraordinárias a Munique. Para esta jornada tínhamos apenas programado um curto desvio, ainda em França, até La Turbie, de onde (tínhamos lido algo) parecia haver um excelente miradouro sobre o principado do Mónaco.
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Não conseguíamos estacionamento em La Turbie e, como a luminosidade também não era boa, decidimos avançar na viagem, pelo que tentámos apanhar de novo a A8 em direcção a Itália. Mas fizémo-lo pela estrada serpenteante que desce para o Mónaco, tão espectacular no cinema (ao volante não impressiona tanto). No cruzamento para a A8 , pergunto: Queres ir ao Mónaco?
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(para visualizarem melhor as fotografias, basta fazerem um clique sobre elas)
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Estacionámos o automóvel no primeiro parque coberto que encontrámos, já perto do centro. Contudo, ao entrarmos num posto de turismo ali próximo, soubemos que ainda estávamos em França, em Beausoleil, cidade que delimita com Monte-Carlo, com muitos edifícios em estilo Belle  Époque. Estão de tal modo juntas que é difícil saber onde acaba uma e começa a outra, de modo que num minuto passámos para o outro lado e começámos a abrir a boca...
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O espanto não resultava apenas da elegância dos edifícios, dos automóveis sem preço que circulavam carro sim carro não, da delicadeza do Jardim Japonês..., mas também da dificuldade em respirar, tal era a percentagem de humidade no ar! Bastaram-nos 5 minutos fora do automóvel para sentirmos as T-shits coladas ao corpo; seria do céu encoberto ou a consequência de um micro-clima particular? Fosse o que fosse, nada nos parou, qual carro de Fórmula 1 a largar borracha na apertadíssima curva Loewe, tão conhecida dos adeptos da modalidade. Apertados, mas de tempo, também estávamos nós, que ainda queríamos acampar em Veneza, a quinhentos quilómetros de distância: pensávamos ficar apenas duas horas, mas acabámos por ficar quatro!
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Teremos caminhado uma dezena de quilómetros para ver os principais edifícios do principado; mas teriam sido mais, não fosse o mini-mini cruzeiro pela marina, que nos colocou na base do Rocher. Subimos por umas escadas em ziguezague, junto ao mar, ofegantes, pese o alívio na percentagem de humidade e uma brisa refrescante que começara a correr. Vistas fantásticas sobre La Condamine e o Port de Fontvieille compensaram o esforço. Como não esperávamos ficar muito tempo não trouxemos as habituais sandocas para o almoço, pelo que matámos o bicho numa das ruas de acesso ao Palais Rainier. No percurso de regresso ao parque de estacionamento ainda visitámos a belíssima Eglise Sainte Dévote.
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A segunda surpresa do dia foi menos positiva. Uma desilusão, na verdade: sempre sonhei em fazer a auto-estrada A8-A10, que liga a Provença a Génova, a serpentear pelas colinas e falésias da Ligúria. Sonho cumprido, mas visualmente pouco estimulante: os montes e vales que descem para o mar estão manchados de branco transparente, das estufas que, certamente, alimentam as populações locais mas desiludem viajantes sonhadores. Para além disso, a A10 está pessimamente sinalizada e cansa qualquer amante do volante. Foi um alívio deixar Génova para trás e poder manter uma velocidade constante, de 130 quilómetros por hora, que nos deixou em Oriago, Veneza, pouco depois das 8 da noite, no camping Della Serenissima - onde iniciámos um combate mortal.
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Nota do dia: se o preço da gasolina fosse um parâmetro fiável da qualidade de vida de um país, só seríamos batidos pelo Mónaco. Com a desvantagem de eles terem muito pastel. Os nossos políticos são fantásticos!
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Conta-quilómetros: 2643 (506 nesta etapa)
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