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domingo, 31 de dezembro de 2006
Ano Novo, Vida Nova?
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sábado, 30 de dezembro de 2006
Olá...!
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Poema do Alegre Desespero
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Compreende-se que lá para o ano três mil e tal
ninguém se lembre de um certo Fernão Barbudo
que plantava couves em Oliveira do Hospital
ou da minha virtuosa tia-avó Maria das Dores
que tirou um retrato toda vestida de veludo
sentada num canapé junto de um vaso com flores.
Compreende-se.
E até mesmo que já ninguém se lembre que houve três impérios no Egipto
(o Alto Império, o Médio Império e o Baixo Império)
com muitos faraós, todos a caminharem de lado e a fazerem tudo de perfil,
e o Estrabão, e o Artaxerxes, e o Xenofonte, e o Heraclito
e o desfiladeiro das Termópilas, e a mulher do Péricles, e a retirada dos dez mil,
e os reis de barbas encaracoladas que eram senhores de muitas terras,
que conquistavam o Lácio e perdiam o Epiro, e conquistavam o Epiro e perdiam
.......................................................................................[o Lacio,
e passavam a vida inteira a fazer guerras,
e quando batiam com o pé no chão faziam tremer todo o palácio,
e o resto tudo por aí fora,
e a Guerra dos cem Anos,
e a Invencível Armada,
e as Campanhas de Napoleão,
e a bomba de hidrogéneo,
e os poemas de António Gedeão.
Compreende-se.
Mais império menos império,
mais faraó menos faraó,
será tudo um vastíssimo cemitério,
cacos, cinza e pó.
Compreende-se.
Lá para o ano três mil e tal.
E o nosso sofrimento para que serviu afinal?
António Gedeão
in António Gedeão, Poesias Completas (1956-1967), Livraria Sá da Costa Editora, 1987
sexta-feira, 29 de dezembro de 2006
Mais vale só o peixe frito do que mal acompanhado
Nós os portugueses temos um horror especial às más companhias e, quanto aos acompanhamentos dos pratos que adoramos, nem se fala. Português e portuguesa que se prezem, levados a escolher entre partilhar a mesa com um autêntico pirata ou acompanhar os carapauzinhos com puré de batata em vez de arrozinho de tomate, jamais hesitarão em clamar, com a voz embargada de repentina hospitalidade: "Venha daí sua excelência o pirata!"
quinta-feira, 28 de dezembro de 2006
Este País...
quarta-feira, 27 de dezembro de 2006
Bank Holiday em Waterford, Irlanda (I)
Uma brass band a tocar para ninguém! Tinham acabado de descarregar os instrumentos de uma carrinha vinda do norte de Inglaterra. Alguns deles ainda estavam a vestir-se lá dentro. Ficámos ali, únicos espectadores, maravilhados com a qualidade da música que tocavam - temas das grandes bandas americanas. Era um grupo muito heterogéneo, com pessoas de várias idades e notóriamente de várias origens sociais. Não sei quanto tempo ali ficámos. Creio que continuámos a calcurrear as ruas da cidade apenas depois de terem feito um intervalo e quando já tinham outros espectadores.
Ao chegarmos às ruas centrais, deparámo-nos com outro grupo - este ainda a posicionar-se da melhor forma, dispondo os instrumentos e tomando cada um dos músicos a posição adequada. Um dos elementos marcava uma elipse no chão com um pedaço de giz. Em poucos minutos, os transeuntes encheram o espaço livre para além da elipse e a música começou a jorrar dos instrumentos:
Os temas foram tocados com tal perfeição e vivacidade que as lágrimas vieram-me aos olhos. E a comoção não me tocou apenas a mim. Foi um daqueles momentos das nossas vidas em que somos surpreendidos pelo belo: aqui não apenas o belo estético, mas também o belo que apreendemos da harmonia das pessoas em festa, em êxtase.
Soubemos pouco depois, ao almoço, após uma conversa memorável que tive com uma senhora de idade agradabilíssima (conversa essa que ficará para outro relato), que se tratava de um concurso anual de brass bands, que tinha lugar na Summer Bank Holiday, e a que acorriam bandas de vários pontos das Ilhas Britânicas.
A imprevisibilidade também pode ser bela...
Dedico este post ao meu bom amigo Zé António, com quem partilhei esta fantástica viagem, que hoje faz anos. Cheers!, Zé. Have a good flight!
"Aeroporto" Druid Circle, Kenmare, Irlanda
terça-feira, 26 de dezembro de 2006
Sorte Grande em Nerín, Aragão
Parque de Campismo Peña Montañesa, em primeiro plano
No dia 9 de Agosto, de manhã cedo, dirigimo-nos para norte de Aínsa, em direcção ao Parque Nacional de Ordesa y Monte Perdido, onde planeáramos fazer uma caminhada: parte da Ruta Ereta de Biés. Depois desta caminhada fantástica com a nossa amiga Rosário, já quase duas da tarde, tratámos de procurar um restaurante onde recuperar as energias dispendidas e matar a fominha desgraçada. Pensáramos dirigir-nos a Sarvisé, a leste do parque, a localidade mais próxima de onde nos encontrávamos, a uns 20 kilómetros de distância. Todavia, logo no início do trajecto, encontrámos um desvio para uma aldeia próxima de uma pista de esqui de fundo... e uma placa com as palavras mágicas: Hotel - Restaurante Palazio, 1 km. A aldeia chama-se Nerín - está a 1281 metros de altitude e é maravilhosa:
Nerín
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segunda-feira, 25 de dezembro de 2006
Conversa na Catedral
domingo, 24 de dezembro de 2006
As Rabanadas da Minha Mãe
sábado, 23 de dezembro de 2006
Rosto Irlandês
The Mother
Of course I love them, they are my children.
That is my daughter and this is my son.
And this is my life I give to them to please them.
It has never been used. Keep it safe. Pass it on.
Anne Stevenson
Dedico o primeiro post do meu blogue à minha mãe, Alice.