Há coisas assim: estava tudo planeado para jantarmos num dos dois restaurantes da moda de Santarém, por indicação do pessoal simpático do N1 Hostel Apartments and Suites, e acabámos numa outra casa de bem servir, mais modesta, a 50 metros dos primeiros, com casa já cheia ou mesas todas reservadas, numa sexta-feira à noite.
A Adega do Caneco é uma casa simples e com uma decoração cheia de bom gosto: fotografias e cartazes do mundo da tauromaquia (não gostamos das lides, que fique claro, mas temos o distanciamento suficiente para perceber a paixão patente naquelas paredes).
O proprietário da Adega do Caneco, o Sr. José Leiria, assim conhecido na capital ribatejana, recebeu-nos com umas azeitonas deliciosas e pão de centeio do dia. E não perdeu tempo com ementas e ambições de lucros desmedidos: "os pratos do dia são bacalhau espiritual e medalhão de lombo de porco com batatas à murro". Hesitámos, depois de perguntar como era o bacalhau espiritual (que já comêramos algures, mas sem memórias precisas). "Por que não mandam vir os dois; trago um primeiro, partilham, e depois trago o outro." Bem dito, bem feito: gostamos de gente que vai direta ao assunto com uma solução capaz.
E a nossa Inesinha, de quase 14 meses, que entrou no restaurante a meio de um soninho tardio, acordou a tempo de devorar o dito espiritual. Comeu mais do que a mãe! Não admira, pois estava profundamente delicioso - equilibradíssimo de sabores e suave (sem lascas de bacalhau mais seco).
O medalhão de lombo de porco (preto) foi assado na hora e as batatas pareciam ter sido feitas há pouco, também, o que não era de esperar de um prato do dia. Tudo muito bom e tudo muito bem, que é que se diz do produto e do processo. O lombo poderia ter levado um pouco mais de pimenta preta para satisfazer plenamente o meu gosto, mas só de referir esse pequeno pormenor já estou a ser ingrato.
Foi tudo regadinho com um fino de entrada (que o Sr. José Leiria quis confirmar, depois de decidirmos tudo o que queríamos: "para começar uma imperial, então, não é?") e uma canequinha de 250ml de vinho da casa (de Alpiarça), de suavidade e singeleza equiparáveis ao manjar.
Acabei com um descafeinado e pedi a conta (não tínhamos perguntado por preços): tudo, mas tudo mesmo: simpatia, simplicidade, ambiente confortável, comes e bebes a gosto, por uns enormes dezasseis euros!
Deixámos 20 euros e agradecemos a honestidade do serviço. É possível ganhar a vida assim!
E a nossa Inesinha, de quase 14 meses, que entrou no restaurante a meio de um soninho tardio, acordou a tempo de devorar o dito espiritual. Comeu mais do que a mãe! Não admira, pois estava profundamente delicioso - equilibradíssimo de sabores e suave (sem lascas de bacalhau mais seco).
O medalhão de lombo de porco (preto) foi assado na hora e as batatas pareciam ter sido feitas há pouco, também, o que não era de esperar de um prato do dia. Tudo muito bom e tudo muito bem, que é que se diz do produto e do processo. O lombo poderia ter levado um pouco mais de pimenta preta para satisfazer plenamente o meu gosto, mas só de referir esse pequeno pormenor já estou a ser ingrato.
Foi tudo regadinho com um fino de entrada (que o Sr. José Leiria quis confirmar, depois de decidirmos tudo o que queríamos: "para começar uma imperial, então, não é?") e uma canequinha de 250ml de vinho da casa (de Alpiarça), de suavidade e singeleza equiparáveis ao manjar.
Acabei com um descafeinado e pedi a conta (não tínhamos perguntado por preços): tudo, mas tudo mesmo: simpatia, simplicidade, ambiente confortável, comes e bebes a gosto, por uns enormes dezasseis euros!
Deixámos 20 euros e agradecemos a honestidade do serviço. É possível ganhar a vida assim!