quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Vidigueira, Antão Vaz

Enólogo dos Tesos


Há uns anos atrás, aproveitávamos o período da Páscoa ou Carnaval para um passeio pelo Alentejo, sempre verdejante por aquelas alturas. No regresso, trazíamos a bagageira do Toyota Yaris atestada de vinhos da região. Redondo, Borba e Vidigueira foram as adegas cooperativas que mais visitámos, mas foi sempre da última que vínhamos mais satisfeitos, tanto pela qualidade dos vinhos (brancos) como pelo preço simpático. Mas havia algo que não estava bem com aquelas garrafas: a cara não batia com a careta, como sói dizer-se. Os rótulos não mostravam o bom gosto, elegância e despretenciosismo daqueles vinhos.
 
Há dias, numa promoção do Pingo Doce, comprei uma caixa do Vidigueira, Antão Vaz (Ato IV, A Inspiração) apenas e só porque gostei do seu rótulo: uma imagem sóbria e elegante. Limpa. Porque, quanto ao vinho, tinha quase a certeza de não vir a ser defraudado.
 
Dito e feito: casou, hoje, maravilhosamente com umas cavalas grelhadas (temperadas à moda da minha mãe: com alho, pimenta, sal, limão e um pingo de azeite), batata cozida, feijão verde e pimento assado (estes dois últimos da horta da abençoada avó Inês).
 
No rótulo da garrafa lê-se que é um vinho com aroma a frutos tropicais. Não lhes senti o rasto. Mas será por defeito do meu nariz, que - humilde confissão deste enólogo amador -, não é flor que se cheire. Foi só maçã e flores à sombra. E, na boca, um final muuuuuito longo, mineral. E sal.
 
E a cavala quis sal, como bem se percebe.
 
Nota final: para não parecer que falta algo a este curto ensaio, resta dizer que não temos regressado ao Alentejo porque já o palmilhámos e saboreámos quase todo. E porque há tanto mundo belo para conhecer... Quase todo, disse: não conhecemos Barrancos. Hmm...

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