sábado, 1 de novembro de 2008
Ecovia Ponte da Barca - Ponte de Lima
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Parque Natural e Nacional de Doñana
Parámos junto à margem direita do Guadalquivir, limite oriental e natural do parque, com Sanlúcar de Barrameda a um relance do olhar, na província de Cádiz. Em poucos minutos chegamos de novo à praia, junto à foz do quarto maior rio da Península Ibérica. Passámos por várias patrulhas da Guardia Civil e o Gonzalo especula: "o Zapatero deve estar aqui de férias; costuma vir para Huelva e passa as tardes na praia do Parque Nacional." Quem sabe, sabe: alguns quilómetros depois, outra patrulha ordena aos 4x4 (nesta tarde, saíram 5, sempre distanciados por várias centenas de metros) que se afastem da beira-água e inflitam para o ponto alto da praia; um pouco à frente, sentados em cadeiras de praia, de face para o mar e protegidos por um jipe e vários agentes, lá estavam o Primeiro espanhol e a companheira. Boa vida! O rolo da minha câmara, infelizmente, já se tinha acabado; mas não foi pelo político que o lamentei: a meio dos trinta quilómetros deste percurso final junto à água (que o Gonzalo fez questão de percorrer a 40 quilómetros/ hora, num ziguezague vertiginoso e memorável) deparámo-nos com o momento mais terno e extraordinário de todos: uma mãe javali tinha descido das dunas à linha de água em busca de "alimento fácil" (carcaças de vida marinha, explicou o Gonzalo); mas não vinha só: atrás de si, dois javalizinhos cambaleavam, aprendendo a vida e desfrutando de uma liberdade protegida.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Camping Aldán, mais uma vez
sábado, 28 de junho de 2008
Arroz de feijão, mas com menos sal
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- “Devem ter percebido. Falaram em Inglês?”
- “Sim,” confirmou a Catarina, formadora de TIC.
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No domingo passado, os nossos alunos quarentões de um curso de formação de adultos (daqueles que têm mesmo 900 horas de formação, não dos outros, de que todos já ouviram falar…) realizaram uma actividade integradora no âmbito das tradições gastronómicas do concelho de Ponte da Barca. Aproveitando os festejos do S. João no parque de merendas sobranceiro ao rio Lima, montaram uma barraquinha de comes e bebes e presentearam os barquenses e visitantes de passagem com um fabuloso arroz de feijão com pataniscas e iscas de bacalhau, caldo de farinha e vinho verde carrascão. O facto de duas das formandas serem cozinheiras de profissão era garantia de bons apetites. A testemunhá-lo, o já referido grupo de russos e os meus amigos israelitas, Tehila e Baruch Levi.
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As pataniscas estavam tão boas que vieram repetir o repasto. “Ó Rui, Rui, aquele é o casal israelita!,” acenava o meu colega Nuno, formador de Matemática para a Vida. Não foi preciso dizer mais nada: em dois minutos, a minha curiosidade pelas coisas do mundo fez-me saber que a Tehila – vejam a coincidência – também era professora de Inglês e o Baruch militar no ramo das comunicações, ambos reformados. E por quê Ponte da Barca? Pois vieram ver o rancho folclórico da vila, que actuava ali naquela noite. Uma razão tão boa como qualquer outra, diga-se, mas que à maioria dos portugueses não faria mover uma palha, quanto mais tantos quilómetros. Mais extraordinário ainda é o facto de o casal Levi nunca ter ouvido falar nem visto este rancho antes de rumar à Península Ibérica para um período de férias ansiado. Estavam em Lisboa, vindos de Madrid, onde alugaram carro, e aí assistiram a um festival folclórico com vários grupos do país. Gostaram tanto deste que, sabendo que tornaria a actuar aqui neste domingo, fizeram-se à estrada. Não imaginavam a sorte que teriam – a de conhecer uma das regiões mais bonitas deste nosso Portugal. E claro, de provar pataniscas tão sublimes!
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Na verdade, a Tehila e o Baruch já planeavam dirigir-se para norte – mas não tanto. Há 25 anos já haviam estado em Portugal e desejavam voltar a alguns dos locais que então visitaram. Coimbra era um deles. Pernoitaram no mesmo hotel de há 25 anos, junto ao Mondego. E segundo eles, foi como se visitassem outro país: “Nessa altura, as pessoas vinham para a cidade de bicicleta ou de burro e traziam cinco, seis filhos à sua volta. A maior parte descalços ou de sandálias, e todos vestidos de escuro. Muito pobres.” Referiram a margem do Mondego, completamente recuperada, as estradas boas, os prédios novos… “Mas as pessoas são as mesmas, muito simpáticas; só que muito mais conversadoras.” Ficaram espantados quando lhes disse, a propósito do curso de formação de adultos e da actividade que estavam a levar a cabo, que quase 40% da população portuguesa apenas tinha 4 anos de escolaridade. “Em Israel quase todos têm o ensino secundário!” (confirmei há pouco estes dados; e se não correspondem literalmente à verdade, não estão longe disso: a escolaridade média dos israelitas é de 11,8 anos!).
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- “Vocês têm uma vida muito relaxada”, dizia-me o Baruch, olhando em volta para os comensais satisfeitos; a música popular a marcar o ritmo das suas conversas triviais.
- “Sim, é verdade. Faz parte do espírito português.”
- “Em Israel, vivemos pelo dinheiro. Todos têm dois empregos. Levanto-me todos os dias às 7 da manhã e leio o jornal todo. E durante o dia ouço as notícias hora a hora.”
- “O Baruch agora é agente de seguros”, acrescentou a Tehila.
- “Os árabes obrigam-nos a viver o dia-a-dia como se fosse o último das nossas vidas,” continuou o Baruch, como que sentindo o dever de afirmar ao mundo o porquê de ser israelita – sentimento patriótico genuíno, do fundo da sua alma; talvez um nada amplificado pela sua formação militar.
- “Demos territórios aos palestinianos, mas não lhes chegam. Querem tudo. Não querem que existamos. Não compreendo.”
Independentemente das razões históricas de cada um dos povos, consigo compreender a tensão e paixão que Baruch deixa transparecer nas suas palavras. Tehila mostra-se mais reservada, mais curiosa com as coisas do mundo: “É encantador! Ver pessoas de idades diferentes a actuar em palco. Não é normal. Nunca tínhamos visto algo semelhante nas nossas viagens, a não ser na Roménia e Bulgária.” Levanta-se da nossa mesa para se aproximar do palco e repetir as fotografias que já tinha tirado em Lisboa, com os olhos humedecidos de alegria. Eu e o Baruch continuamos a conversa com o nosso segundo fino.
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Despedimo-nos com a promessa de trocar correspondência, que se cumprirá. A Tehila fará certamente o arroz de feijão (com menos sal, sublinham), a partir da receita traduzida pelos meus formandos. Todos ficámos mais ricos com o conhecimento mútuo. A Tehila e o Baruch com a esperança de dias de menor tensão; nós com a certeza de vivermos num cantinho privilegiado do mundo, não obstante a pobreza de muitos, escondida por estradas modernas, prédios bonitos, carros topo de gama… Valham-nos as pataniscas, tão bem acompanhadas!
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Do Coração Vagabundo
domingo, 9 de março de 2008
Vertigens no restaurante A Cabana, Apúlia
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Desviagens
Andarilho
Agosto de 2002. Convido seis bons amigos para uma voltinha a Espanha em automóvel, sem trajecto definido mas com três destinos de passagem desejados: Córdoba, Granada e Barcelona. Nos dias anteriores à partida, quatro deles vão chegando de duas ilhas dos Açores para se alojarem nas casas dos continentais. Momentos preparatórios de boa mesa, memórias para brindar e a antecipação de uma grande aventura.
Ponto de partida: Mogadouro, após um jantar simpático em casa da Esperança. Chegámos a Toledo pelas sete da manhã. Como o parque de campismo não aceitava acolhimentos antes do meio-dia, aproveitámos para dormir um soninho recontorcido no pouco espaço útil de ambos os automóveis. Não passou de tentativa. Pouco depois já alimentávamos a manhã com cafeína e percorríamos a belíssima Toledo com o afã dos viandantes à partida. Por entre o peso das olheiras, registei para sempre a beleza dos vitrais da catedral.
Dos três dias seguintes, em Córdoba e Granada, surgirão a seu tempo outras crónicas. O Bairro Judeu e a Mesquita-Catedral, em Córdoba, e o Albaicín e o Alhambra, em Granada, são pontos de passagem obrigatórios para qualquer viandante.
Direcção seguinte: Barcelona. Optámos por um trajecto pelo interior do país, para evitar o tráfego balnear da costa mediterrânica. Pela hora do almoço, parámos num hotel de 4 estrelas, junto à autoestrada A4, perto de Valdepeñas. Após comer qualquer coisa, prestávamo-nos a retomar a viagem quando deparámos com o vidro traseiro do lado direito do automóvel partido, assim como uma porta forçada na outra viatura. O descuido e o sentimento de segurança que o local inspirava levou-me a deixar uma Nikon no banco traseiro, por entre toda a parafernália de viagem que não cabia na bagageira. O que lamentei mais foram os 4 ou 5 rolos de fotografias já tiradas que com ela deram asas, enquanto mastigava deliciado um pedaço de tortilla. E um sentimento de perseguição, pois 4 meses antes havia partido - também por descuido - uma máquina fotográfica semelhante.
Segundo nos informou a polícia local, tivéramos azar, pois, sendo feriado no dia seguinte, muitos presidiários tinham obtido licença para estar com as famílias, o que todos os anos coincidia com um aumento pontual de incidentes no género. Mesmo sabendo que a possibilidade de recuperar o material fotográfico era mínima, os agentes de polícia que nos atenderam mostraram uma diligência fantástica, procurando durante mais de uma hora uma qualquer impressão digital suspeita no automóvel. Enquanto isto, discutíamos a hipótese de interromper as férias e regressar a casa de imediato. Era quinta-feira, véspera de feriado, pelo que não seria possível prosseguir viagem sem um dos vidros do automóvel durante os 3 ou 4 dias seguintes. Adiámos a decisão até encontrarmos um concessionário Toyota. Havia um na zona industrial de Valdepeñas.
Infelizmente, não dispunham de qualquer vidro em stock. Só na segunda-feira seguinte poderiam fazer a sua substituição, se chegasse a tempo vindo do armazém de Madrid. Provavelmente sensibilizado com o nosso ar destroçado, o funcionário que nos recebeu prestou-se a fazer uma chamada ao chefe... Finalmente, a boa notícia: iriam retirar um vidro de uma das viaturas em exposição. Enquanto isso, que estivéssemos à vontade para navegar na internet e tomar um café no espaço da recepção... Uma hora e meia depois e após um esforço tremendo por parte de três mecânicos (o suporte do vidro não era exactamente igual, pois a versão do automóvel já não era a mesma) tínhamos o automóvel à disposição - por uns impensáveis 40 euros! E ainda nos ofereceram uma garrafa de vinho tinto local!
O profissionalismo e boa vontade que nos tocou observar foram um bom presságio para uns dias magníficos, para um resto de viagem sem mais desvios. E muitas histórias para contar.
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Boa mesa
A meio da tarde de ontem, e após saborear 8 bolinhos de bacalhau morninhos e estaladiços e uma rabanada fresquinha, a minha esposa convocou-me à farmácia para um check-up ao meu colesterol malandro. Antecipava um resultado absolutamente assustador. Todavia, os 240 mg/ dl ficaram apenas na média preocupante dos últimos tempos...