sexta-feira, 27 de abril de 2007

Viagens com Açúcar

Também já nasceu o Viagens com Açúcar, um blogue dedicado ao mundo do coleccionismo de pacotes de açúcar - mas com a ambição de agradar também a todos os que por lá passem e sejam leigos neste passatempo. Espero que gostem.
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quarta-feira, 25 de abril de 2007

a.p.o.n.t.a.m.e.n.t.o.s

Caros leitores:
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Tal como indiquei no post anterior, passarei a publicar neste blogue apenas notas de viagem ou textos com ela relacionados.
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Paralelamente, pretendo criar mais três blogues, cada um deles com objectivos específicos. O primeiro deles já deu o pontapé de saída: chama-se a.p.o.n.t.a.m.e.n.t.o.s e será um espaço de breves reflexões ou registos de conversas, assuntos ou momentos que valha a pena recordar.
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Os quatro blogues estarão acessíveis a partir da barra lateral de cada um deles. A periodicidade de publicação de novos textos variará, mas pretendo editar pelo menos um post por dia em qualquer um dos blogues.
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Grato pela visita e espero que gostem dos meus novos espaços.
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quinta-feira, 19 de abril de 2007

Time-out

Caros leitores:
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Durante os próximos dias não publicarei qualquer texto neste espaço.
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O Viandante será objecto de "edição"a breve trecho : passará a ser apenas um espaço de notas de viagem.
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Paralelamente, criarei mais dois ou três blogues "irmãos", dos quais vos darei notícias em breve.
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Obrigado pela vossa visita.
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segunda-feira, 16 de abril de 2007

Zé Povinho

Cartoonices
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- Nós, as lagartas, estamos mesmo no fim da cadeia alimentar.
- Eu sei...
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- Ouvi dizer que a tua mãe foi comida por um lagarto... as minhas condolências.
- A sério?
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- Pelos vistos, também estamos no fim da cadeia de informação.
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Fonte: Hello, 30-04-1994

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Mentiras (I)

Palavra Esparsa
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"O valor das pensões dos funcionários públicos é, em média, quase três vezes maior que o dos reformados do sector privado, apurou o Diário Económico.
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Enquanto a pensão média no regime geral da Segurança Social é de 370 euros, a da Caixa Geral de Aposentações (CGA) era, segundo dados de 2005, os mais recentes disponíveis, de 1.105 euros."
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É MENTIRA!
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Esta notícia (excerto retirado do Diário Económico online) foi veiculada por vários órgãos de comunicação social. E só pode ter sido veiculada por pelo menos uma de três razões: incompetência jornalística, por não analisar os factores que determinam essa diferença; tentativa de manipulação da opinião pública por parte dos órgãos de comunicação social que a divulgaram, sabe-se lá com que intenção; ou tentativa de manipulação da opinião pública por parte do governo com a conivência (consciente ou não) dos órgãos de comunicação social.
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E o que é mentira não são os números. Esses deverão estar correctos. A falácia prende-se com a omissão das razões que levam à existência desse diferencial entre as pensões de reforma dos funcionários públicos e as do regime geral da Segurança Social.
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O que se pretende (ou se diz por incompetência, para ser benévolo) com uma notícia destas é dizer que os funcionários públicos são beneficiados. Quando a verdade é que a maior parte dos seus quadros são licenciados: professores, médicos, enfermeiros, juizes... E numa proporção que deve ser bem mais do que 3 vezes superior à de licenciados no regime geral, onde a fuga ao fisco e às contribuições para a Segurança Social são o que todos conhecemos. E isto sim, mereceria um estudo honesto.
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Isto é manipulação pura! Por favor, expressem a vossa indignação!
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quarta-feira, 11 de abril de 2007

Uuuuuuuuuuuuuuuu!

Palavra Esparsa
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A minha amiga Cláudia Espassandim reenviou-me hoje um e-mail sobre a presença da Ministra da Educação num corta-mato escolar em Santa Maria da Feira, a 10 de Março (mesmo já tendo passado um mês sobre o episódio infeliz e sido o mesmo já divulgado noutros blogues, que acabei de consultar via google, nunca é tarde para chamar a atenção para este tipo de situações). A reacção de Maria de Lurdes Rodrigues perante os apupos dos alunos presentes na altura da sua intervenção está documentada neste vídeo disponível no YouTube.
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Será porventura muito desagradável ser-se apupado nestas circunstâncias, Sra. Ministra da Educação. Mas mesmo que os referidos alunos tenham reagido daquele modo por influência de terceiros, a sua reacção não deixa de ser eloquente de um modo de fazer política.
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terça-feira, 10 de abril de 2007

A Desobediência Civil

Sublinhado
Há muitos anos que tenho o vício de sublinhar os livros que leio: as passagens que acho mais relevantes, belas, hilariantes...
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Henry David Thoreau, A Desobediência Civil (Civil Disobedience, 1849), Antígona, 1987, p.64
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sábado, 7 de abril de 2007

Parque Natural do Douro Internacional

Andarilho
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Na bagagem de regresso de um passeio de dois dias por terras transmontanas: três quilos de alheiras de Sendim, duas dezenas de garrafas de vinho da Adega Cooperativa de Valpaços e da Cooperativa Agrícola de Ribadouro, um folar de Páscoa de Bragança e matéria para várias notas de viagem.
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Miranda do Douro é uma das poucas cidades portuguesas que me faltava conhecer e cujo destino fui adiando sucessivamente por esta ou aquela razão. Por fim, numa daquelas escapadinhas decididas à última hora, fizemo-nos à estrada. Não regressei desiludido (o que, aliás, nunca me aconteceu em qualquer das minhas viagens, mesmo as mais atribuladas), mas esperava um pouco mais. O quê, propriamente, não sei dizer; talvez o tempo sombrio e frio que ainda se fazia sentir tenha arrefecido as expectativas; talvez a percepção de ser mais um entreposto comercial (famoso pelos atoalhados) do que um centro de tradições culturais realmente vivas; ou o reforço da convicção de que, do outro lado da fronteira, se vive a cultura e o lazer com o dobro da intensidade...
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Mas como em tudo na vida, devemos relembrar em primeiro lugar aquilo que nos agrada e faz feliz. De terras de Miranda do Douro retive o sabor fantástico da posta mirandesa assada na brasa, a imagem de vários burros da raça autóctone pelos campos (espero que a contrariar a tendência para a extinção), a simpatia das pessoas e, em especial, o cruzeiro ambiental pelas arribas do Douro Internacional no navio ecológico "Escua".
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O Parque Natural do Douro Internacional abarca um troço do rio absolutamente díspar daquele que é conhecido pela generalidade das pessoas - o Alto Douro vinhateiro, modelado em socalcos pela força do homem e, seguramente, uma das paisagens mais belas do mundo (abarca também, a sul, um troço de um seu afluente, o Águeda). O Douro Internacional é rocha; granito na vertical, escavado ao longo de milénios pela força das águas (agora contidas por barragens a montante e jusante).
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O cruzeiro ambiental parte do cais de embarque situado do lado de cá da fronteira, em Miranda do Douro, para norte, num trajecto de cerca de 5 quilómetros entre a barragem de Miranda do Douro e o Embalse de Castro. É explorado pela empresa espanhola Europarques Hispano-Lusos, com funcionários de ambos os países. O navio está equipado com motores ecológicos e insonorizados de modo a não perturbar o habitat circundante. O cruzeiro tem a duração de uma hora.
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Chegámos ao parque de estacionamento da Estação Biológica Internacional/ Cais de embarque vinte minutos antes da hora prevista para o primeiro dos dois cruzeiros diários regulares (11.00 e 16.00). Já estava esgotado. Por sorte, extraordinariamente, realizava-se outro ao meio-dia, para o qual conseguimos os respectivos bilhetes (fornecidos em português ou castelhano, consoante a nacionalidade do turista) pelo preço de 14 euros cada. A organização revelou-se impecável, desde a recepção no parque de estacionamento, ao atendimento na bilheteira, ao embarque vigiado e às explicações do guia durante o passeio.
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Das 120 pessoas a bordo, pasme-se, 116 eram espanholas!!! Dois casais lusos não tiveram outra alternativa senão escutar todas as explicações em castelhano. Não obstante, o guia teve sempre a preocupação de traduzir todos os termos relevantes para português. Para além disso, em cada "local de observação" era passado um texto audio em ambas as línguas. Não pude deixar de pensar no que estaria a passar pela mente dos nuestros hermanos presentes: um cruzeiro que parte de território português ter apenas cerca de 3% de clientes da respectiva nacionalidade! Mais tarde, perguntei a um dos "arrumadores" portugueses do parque de estacionamento se era costume ser assim; respondeu-me, com um sorriso revelador, que os portugueses eram em média apenas 10% de todos os utentes do serviço. Quem afirma que estamos a ser invadidos por espanhóis está a dar uma desculpa para a sua própria ineficiência, passividade ou simples falta de interesse ou vontade seja para o que for.
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Mas voltando ao cruzeiro: no seu decurso pudemos observar vários grifos, uma águia real, várias gralhas-de-bico-vermelho a voar aos pares (casais muito apaixonados e eternamente fiéis, segundo o simpático guia) e alguns patos reais machos (solteiros, pois segundo parece os casalinhos ausentaram-se para outras bandas por motivos de ordem familiar). Avistamentos feitos a grande distância, obviamente (exceptuando os coitados dos patos). Pudemos também ver dois ninhos de cegonha preta abandonados, várias azinheiras (uma delas centenária) nascidas da rocha, a Poça das Lontras e um punhado de formações rochosas caprichosas. Conhecemos também a ravina para onde eram lançados os burros mirandeses que já não davam serventia (hábito de outros tempos, felizmente), e que, se não acabassem no rio, eram alimento para grifos e abutres.
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À chegada, o guia chamou a atenção dos presentes para outro capricho da natureza na parede rochosa frontal ao cais de embarque, do lado espanhol: um líquen verde claro formava um "2" que se podia visualizar a grande distância, mesmo das muralhas do castelo de Miranda do Douro. Segundo uma tradição mirandesa, as senhoras solteiras que não conseguissem discernir o 2 desenhado na parede, assim acabariam; as casadas, era porque teriam maridos que as enganavam. Um pouco de folclore para agitar as senhoras presentes. Depois do desembarque, foi oferecido um Vinho do Porto de cortesia aos participantes (em copinho de plástico) e assistimos ainda a uma exibição didáctica com um bufo real.
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Uma hora muito bem passada. Para quem se dirija a estas terras, será sem dúvida o principal atractivo de visita. Pelo menos para os espanhóis. Sorte a deles.
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Notas: Podem ler mais alguns apontamentos sobre o Parque Natural do Douro Internacional no post "De Mazouco a Freixo de Espada à Cinta", de 4 de Janeiro, também na rubrica Andarilho.
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Navegação em Seco

Instantes
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Junho de 2005

Bacia do Tejo, Alcochete

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terça-feira, 3 de abril de 2007

Pacóvios

Todo Ouvidos
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Ontem, ao parar o automóvel numa bomba de gasolina em Salvaterra do Miño, Galiza, atrás de uma das duas filas:
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- Olha! Português, português, português... (e esticando o pescoço) português, português... E aquele Panda também deve ser português... (curto silêncio) Isto é terrível para o país!
- Pois...
- E aqueles pacóvios não vêem isto? (alguns instantes depois) Olha! O Panda é mesmo português!
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segunda-feira, 2 de abril de 2007

Os Jovens Gostam de ir à Escola (Uma Percepção)

Palavra Esparsa
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I
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É um dado indiscutível: serão poucos os jovens portugueses que não gostam de ir à escola; e os poucos que não gostam, é porque manifestam problemas de socialização ou por motivos de ordem familiar (pais que desvalorizam a educação formal, por exemplo).
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O mesmo não é dizer que os jovens gostam da escola - a escola entendida como um local de ensino e aprendizagem, de formação pessoal, de trabalho, de partilha de saberes e competências. Tudo isto é secundário para os nossos jovens; gostam de ir à escola porque é lá que socializam, que encontram as namoradas e os namorados, que partilham música e jogos de computador... - em suma, que vivem a sua adolescência.
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A escola de hoje é um recreio, uma sala de estar, uma passerelle. E só de vez em quando um local de estudo. E isto sucede não por culpa dos professores, dos auxiliares de acção educativa ou dos Conselhos Executivos, embora aqui e ali tenham a sua cota-parte de responsabilidade.
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Isto sucede porque se entendeu (ao nível dos decisores políticos e de algumas correntes pedagógicas) que aprender tem de andar de mãos dadas com o prazer, com o lúdico; porque se desvalorizaram conceitos como a memorização, o esforço, a paciência, a perseverança, a ambição; porque se privilegiou o desenvolvimento de competências em detrimento da aquisição de conteúdos; porque em casa não se ensina aos jovens que o telemóvel que se lhes ofereceu só existe devido ao saber acumulado e transmitido pela escola; porque os jovens têm tudo sem que se lhes exija responsabilidade; porque a legislação favorece o laxismo e dificulta a exigência...
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É verdade que há excepções; que há jovens estudantes brilhantes e esforçados; e que a escola também pode e deve ser um espaço de socialização. Mas o retrato que faço é real, mesmo que com algum exagero. É uma percepção geral de todos os que conhecem o meio escolar.
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II
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É um erro terrível a ideia de que os professores não são competentes. Nunca em Portugal houve um corpo docente com a qualidade de formação actual. Existem excepções? Claro que existem, como em todas as áreas profissionais. Existem lacunas na sua formação? Sim, existem, e a língua portuguesa é uma delas; de muitos, em particular os mais novos. Mas daí a afirmar que são pouco competentes vai uma grande distância. Aliás, quem já teve a oportunidade de trabalhar e de conviver com professores de outras nacionalidades, como eu felizmente já tive, poderá afirmar com segurança que estamos tão bem ou melhor preparados para o ensino do que muitos dos nossos parceiros europeus.
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É um erro terrível desvalorizar o papel dos professores e as suas condições de carreira. Ao contrário do que acontece com os nossos jovens, que gostam mais de ir à escola do que da escola em si, já se começa a notar uma predisposição inversa no corpo docente: gostam da escola, da arte de ensinar, mas gostam cada vez menos de ir para a escola. Também este é um facto real, que observo sobretudo naqueles que, à minha volta, considero mais competentes (por muito subjectiva que esta percepção de "competência" possa ser). E por quê? Por múltiplas razões: desvalorização do seu papel por parte de quem os emprega e por parte da sociedade; esforço inglório (não há coisa mais angustiante do que vermos os nossos rapazes e raparigas a não quererem aprender); indisciplina; desgaste psicológico... Uma atmosfera assim é inconcebível.
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Alguns destes problemas são comuns a outras profissões, dir-me-ão. Sem dúvida. Mas há um senão: a produtividade docente não é mensurável do mesmo modo. E depende de um factor que, hoje em dia, pouco podem determinar: o querer aprender; o valorizar o saber. E de outros que igualmente fogem ao seu controlo.
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A prática docente está isenta de críticas? Não, não está. Há muitas resistências que só se podem combater tornando obrigatório, limitando. Mas também há muitas condicionantes da prática docente que não são tidas em conta (a instabilidade das colocações, as deslocações...) como determinantes para o bom exercício profissional.
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A não haver uma inflexão nas políticas educativas actuais (que se regulam exclusivamente por critérios financeiros, ao contrário do que se quer fazer crer) num espaço de uma dezena de anos (a coincidir com a aposentação de muitos professores que iniciaram as suas carreiras após o 25 de Abril), passaremos de um excesso de professores profissionalizados para uma situação idêntica àquela em que se encontra o Reino Unido: escassez de candidatos a esta profissão maravilhosa.
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III
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E por que não querem os jovens aprender? Por que não valorizam eles o saber? Esta última pergunta responde à primeira, mas também é parte do problema.
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E o problema prende-se com o facto de que os modos de aprender não se coadunam com os seus modos de viver. Isto é: aprender exige esforço, paciência, método; e os nossos jovens vivem por parâmetros do mundo digital: do imediato, do determinado, do dado adquirido.
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Não sendo a escola valorizada pela sociedade e por muitos dos seus pais - um problema não especificamente português, mas de grande relevância para nós -, a pouca vontade que pudessem ter esbarra na dificuldade de adaptar os seus modos de viver aos de aprender (que o sistema educativo, na verdade, também não privilegia). E para quê o esforço, se têm tudo?
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Parece um contrasenso: a sociedade não valoriza a escola? Aos olhos dos nossos jovens, muito pouco. Será necessário definir o que é a sociedade para percebermos o argumento: o Estado? Os meios de comunicação? A família? - Tudo isto em conjunto e muito mais, supõe-se. Mas que parte desta sociedade é que realmente comunica com os nossos jovens? Esta é a verdadeira questão: quem fala aos nossos jovens é a sociedade de consumo e o audiovisual lúdico, que muitas vezes transmitem uma imagem negativa da escola ou valorizam produtos e conceitos que lhe são contrários.
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IV
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É preciso criar uma nova escola, ouve-se dizer. Não creio. É preciso, isso sim, definir claramente para que queremos a escola que temos; e perceber de que modo a sociedade em que vivemos a pode determinar positivamente.
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